03 dezembro 2011

Vantagens do namoro distante

Falar mal, uma arte mais antiga que desenhar homens caçando nas paredes da caverna. Isso você já deve saber. O que você também deve saber é que relacionamentos distantes são ruins. Todo mundo vai elencar uma série de fatores para provar por A + B que não funcionam - eu sei, até uns meses atrás eu era um desses caras - e não, eles não estão errados. Namorar uma pessoa que você tem que passar 6 horas num ônibus para ver (e voltar) tem dezenas de contratempos e dificuldades que fazem aquele cara de visão mais fechada (eu - até "ontem") negar a possibilidade de construir algo com alguém que você não pode ver no máximo dez bairros depois. Mas e as vantagens, estimado público e 12 leitores? Vocês não acham que na vida o yin e o yang se equilibram e toda aquela coisa de natureza agindo e tal?

Pois, bem, o nosso faro jornalístico meets Revista Nova traz para vocês o nosso inédito e original VANTAGENS DOS RELACIONAMENTOS DISTANTES, um estudo pioneiro (até link esfregado na caixa de comentários em contrário, seguidos de "kkkkk mandou mal ae"), solta o play, DJ

Não é qualquer briga que se cria. Deveria ser regra, não? Deveria servir para qualquer relacionamento, amoroso ou não, mas sabemos que isso é impossível. Mas veja. Você está longe, só tem um contato telefônico, vai perder tempo brigando por qualquer coisinha? Bom, tem gente que vai, mas quando você ouve coisas do tipo "ah, a gente já se fala tão pouco, eu não deveria perder tempo reclamando disso" em vez de um "Você não me liga" "mas estou te ligando nesse momento" "Mas me liga pouco" de um relacionamento clássico você entende que a saudade é uma coisa ruim, mas permite que o lado bom das pessoas aflore.

Cada encontro é um megaevento. Isso é baseado na lei de oferta e procura, né? Se temos menos encontros reduzidos por mês (basicamente um), é normal que fiquemos muito atenciosos e dedicados neles, afinal, acabam logo. Fica uma coisa quase magnética de não ter vontade de desgrudar.

Explore a cidade em doses homeopáticas e combata a rotina. Imagine um casal clássico. Vamos supor que eles saiam ao menos uma vez por semana. São no mínimo 52 saídas por ano. Devido a questões de logística, interesses e necessidades financeiras, você não tem 52 lugares para sair, o que causa repetição, o que causa rotina o que causa "ai cinema de novo?" o que causa desgaste o que causa você pegar sua namorada com um amante, um garoto de programa, um time completo dos segundos quadros do Bonsucesso FC e você tem quase certeza que um Dálmata foi se esconder embaixo da cama. No relacionamento distante, as saídas são bem reduzidas, o que leva a que lindos restaurantes japoneses perto da sua casa possam não só ser um bom encontro como só precisa ser repetido na próxima passagem do Halley. Ainda mais quando uma hora ela vem e outra hora você é que vai: São duas cidades esperando para serem degustadas com calma, desde pracinhas até restaurantes maravilhosos, passando por motéis.

Seus amigos são livres. Com poucos encontros, você não tem que ficar depositando sempre a recusa da pelada ou da cerveja com um "não dá, eu e a namorada vamos assistir o novo filme da saga crepúsculo", o que faz com que você ouça que "você abandonou os amigos" como que duvidem um pouco da sua masculidade ao assistir filmes que vampiros são feitos de caninos e glitter.

Não existe dor de cabeça com namoros distantes. Pessoas que não tem o namorado(a) por perto não sentem dores de cabeça, não dizem "hoje não", não pensam que tem que trabalhar cedo no dia seguinte. Ou é hoje ou só no próximo feriadão, e aí?

O amor é mais intenso. Sim, exatamente porque a carga de saudade acumulada faça com que cada encontro seja um carro voando a 120Km/h na Rodovia D Pedro I no trecho em direção a Campinas